Icó, tua história me inspira
Pela cultura, costumes e tradição
Arquitetura plural do povo europeu
Construída pelo Negro em escravidão
Onde seu suor, sangue e lágrimas
Foram dores, perdas e lástimas
Deixando um legado a este Torrão.
Muitos personagens aqui surgiram
Mas poucos deram voz ao nosso irmão
Destaco João Nogueira Rabelo
Que lutou bravamente pela libertação
Dona Inácia de Matos Dias
Defendendo em tons de melodias
A igualdade, a paz e união.
Glória Dias valente e verdadeira
Não aceitava nenhuma imposição
Fez valer aquilo que sonhava
Não temia nem mesmo o Barão
Ana Nogueira Rabelo ou Batista
Escreveu no Pão feito artista
A tristeza africana em exploração.
Exauto aqui de forma especial
Um icoense que teve participação
No processo que levou à liberdade
Chamado de José Napoleão
Que deu inicio a revolução praieira
Tendo ao lado uma mulher guerreira
Dona Quinoa de destemida ação.
Mas para Chico da Matilde foi a coroação
Se tornando o bravo Dragão do Mar
Porém, enfatiza Raimundo Girão
Que o Negro das terras dos Icós
Foi quem deu voz e vez a todos nós
Por isso sou grato a José Napoleão.
Igreja do Rosário dos Homens Pardos
Templo sacro erguido em comunhão
Onde Cativos construíram especialmente
Para seus encontros, batuques e oração
Tinha a Irmandade dos Homens Pretos
Coroação da Rainha e Rei perfeitos
Ao Sangue do meu sangue minha gratidão.
Por Cláudio Pereira
Professor, poeta e memorialista.